27.11.08

De amores-paixão e protótipos...

Contardo Calligaris escreveu:

20 Novembro 2008

"Vicky Cristina Barcelona'

O amor-paixão é uma tentação irresistível, é o protótipo da vida intensamente vivida

"VICKY Cristina Barcelona", de Woody Allen, estreou no Brasil na semana passada. Com muita leveza e muito bom humor, o filme me levou a pensar nos percalços da vida amorosa.
A história do verão em Barcelona de Vicky e Cristina é um pequeno tratado do amor-paixão: os espectadores terão o prazer (ou desprazer) de se reconhecer em algum lugar do leque de experiências amorosas que o filme apresenta -é um leque pequeno, mas do qual escapamos pouco. Sem resumir, eis umas notas:

1) Os casais que se amam de paixão, cujos parceiros parecem ser feitos um para o outro, em regra, acabam tentando se matar -com faca, revólver ou qualquer outro instrumento (cf. Juan Antonio e Maria Elena). É porque, se o outro me completa e vice-versa, o risco é que nenhum de nós sobreviva à nossa união -ao menos, não como ente separado e distinto. Mas, por mais que seja ameaçadora, a paixão amorosa é uma tentação irresistível (cf. Cristina, Vicky, Judy) por uma razão simples: nas narrativas de nossa cultura, ela é o protótipo ideal da experiência plena, da vida intensamente vivida.

2) Por sorte ou não, o amor-paixão é raro. A maioria de nós vive relações menos "interessantes" e menos fatais -relações em que a gente se preocupa em criar os filhos, decorar a casa, ganhar um dinheiro ou jogar golfe (cf. Vicky e Doug, Judy e Mark). Não seria tão mal, salvo pelo detalhe seguinte: em geral, nesses casais "normais", ao menos um dos parceiros vive com a sensação de que sua escolha amorosa é resignada, fruto de um comodismo medroso: "O outro não é bem o que eu queria; culpa minha, que não tive a coragem de me arriscar a amar..."

Detalhe: como o amor-paixão é um ideal cultural, não é preciso ter atravessado a experiência da paixão para idealizá-la (as más línguas diriam, aliás, que é mais fácil idealizá-la sem tê-la vivido em momento algum).

3) Os que parecem não idealizar o amor-paixão passam o tempo se protegendo contra ele. Deve ser por isto que a "normalidade" amorosa pode ser insuportavelmente chata: porque ela exige a construção esforçada de defesas contra a paixão -argumentos morais e sociais, sempre mais "razoáveis" do que racionais (cf. Mark, Doug). Num casal, quem critica a doidice da paixão não parece sábio aos olhos de sua parceira ou de seu parceiro; ao contrário, ele parece, quase sempre, pequeno e um pouco covarde (cf. Vicky e Doug, Judy e Mark).

4) A paixão não é uma coisa que a gente possa encontrar saindo pelo mundo como um turista da vida (cf. Cristina). Pois não basta esbarrar na paixão; ainda é preciso encará-la quando ela se apresenta.

Pode ser que, um dia, se ela conseguir matar Juan Antonio com um tiro certeiro, Maria Elena seja internada ou presa. Pode ser que Juan Antonio seja um sujeito amoral e, por isso, perigoso. Pode ser que Vicky seja desesperadamente normal, trocando a chance de amar por uma casa num subúrbio norte-americano (estou sendo injusto com Vicky: na verdade ela tenta...).
Mas, para mim, a mais "patológica" de todas as personagens do filme é Cristina. Sua aparente abertura para a vida ("Ela não sabia o que queria, mas sabia o que não queria", narra a voz em off) é apenas uma versão "bonita" e literária de sua "insatisfação crônica" (diagnosticada por Maria Elena, com razão). Nisso, Cristina é muito próxima da gente: ela quer e consegue brincar com a paixão, mas sem perder a ilusão da liberdade ou o sonho do que ela poderia encontrar na próxima esquina.

Por isso, sua voracidade é a do turista: tira muitas fotos pelo mundo afora, mas será que ela se deixa tocar pela vida?

5) Disse que "Vicky Cristina Barcelona" trata dos percalços da vida amorosa com leveza e bom humor; de fato, saí do cinema sorrindo, e não era o único. Mas a amiga que me acompanhava comentou: "Adorei, mas é um filme triste". "Como assim?", estranhei. Ela respondeu, com razão: "É um filme triste porque os personagens se apaixonam, vivem sentimentos fortes, mas, no fim, tudo isso não transforma ninguém. Vicky e Cristina vão embora iguais ao que elas eram no começo, sobretudo Cristina...".

Minha amiga tinha razão. O amor e a paixão não nos fazem necessariamente felizes, mas são uma festa e uma alegria porque deles podemos esperar ao menos isto: que eles nos tornem um pouco outros, que eles nos mudem. Agora, nem sempre funciona... "

16.9.08

ciné-quotes dois

[first lines..]

Rob: What came first, the music or the misery? People worry about kids playing with guns, or watching violent videos, that some sort of culture of violence will take them over. Nobody worries about kids listening to thousands, literally thousands of songs about heartbreak, rejection, pain, misery and loss. Did I listen to pop music because I was miserable? Or was I miserable because I listened to pop music?

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Rob: It would be nice to think that since I was 14, times have changed. Relationships have become more sophisticated. Females less cruel. Skins thicker. Instincts more developed. But there seems to be an element of that afternoon in everything that's happened to me since. All my romantic stories are a scrambled version of that first one.
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Rob: The making of a great compilation tape, like breaking up, is hard to do and takes ages longer than it might seem. You gotta kick off with a killer, to grab attention. Then you got to take it up a notch, but you don't wanna blow your wad, so then you got to cool it off a notch. There are a lot of rules. Anyway... I've started to make a tape... in my head... for Laura. Full of stuff she likes. Full of stuff that make her happy. For the first time I can sort of see how that is done.
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Rob: Top five things I miss about Laura. One; sense of humor. Very dry, but it can also be warm and forgiving. And she's got one of the best all time laughs in the history of all time laughs, she laughs with her entire body. Two; she's got character. Or at least she had character before the Ian nightmare. She's loyal and honest, and she doesn't even take it out on people when she's having a bad day. That's character. [holds up three fingers] Rob: Three; [long pause, hesitantly] Rob: I miss her smell, and the way she tastes. It's a mystery of human chemistry and I don't understand it, some people, as far as their senses are concerned, just feel like home. [shakes his head, recollecting, then looks back and lip synchs 'four' while holds up four fingers] Rob: I really dig how she walks around. It's like she doesn't care how she looks or what she projects and it's not that she doesn't care it's just, she's not affected I guess, and that gives her grace. And five; she does this thing in bed when she can't get to sleep, she kinda half moans and then rubs her feet together an equal number of times... it just kills me. Believe me, I mean, I could do a top five things about her that drive me crazy but it's just your garden variety women you know, schizo stuff and that's the kind of thing that got me here.

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Barry: What's her name?
Dick: Anna.
Barry:Anna? Anaconda?
Dick: Anna Moss.
Barry: (laughing) Anna Moss?!? Is she all green and fuzzy and mossy? And you met this bruiser where? At the Home for the Mentally Challenged or the Blind or the bus station?
Dick: No, she came in and asked about the new Green Day...
Barry: Oh, finally! Anna! Dick! That's great. Really smoke that ass!

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Rob: Liking both Marvin Gaye and Art Garfunkel is like supporting both the Israelis and the Palestinians.
Laura: No, it's really not, Rob. You know why? Because Marvin Gaye and Art Garfunkel make pop records.
Rob: Made! Made! Marvin Gaye is dead. His father shot him!

---

Customer: Hi, do you have the song "I Just Called To Say I Love You?" It's for my daughter's birthday.
Barry: Yea we have it.
Customer: Great great... Well, can I have it?
Barry: No, you can't.
Customer: Why not?!
Barry: Because it's sentimental tacky crap that's why. Do we look like a store that sells "I Just Called to Say I Love You"? Go to the mall!
Customer: What's your problem?!
Barry: Do you even know your daughter? There's no way she likes that song! Oh oh oh wait! Is she in a coma?

---

Barry: Rob, top five musical crimes perpetuated by Stevie Wonder in the '80s and '90s. Go. Sub-question: is it in fact unfair to criticize a formerly great artist for his latter day sins, is it better to burn out or fade away?

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Rob: I will now sell five copies of the 3 E.P.s by The Beta Band.
Dick: Go for it. [Rob plays the record]
Customer: Who is this?
Rob: The Beta Band.
Customer: It's good.
Rob: I know.

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Dick: It guess it looks as if you're reorganizing your records. What is this though? Chronological?
Rob: No...
Dick: Not alphabetical...
Rob: Nope.
Dick: What?
Rob: Autobiographical.
Dick: No fuckin' way.

15.9.08

ciné-quotes

"You cannot make friends with the rock stars. That's what's important. If you're a rock journalist - first, you will never get paid much. But you will get free records from the record company. And they'll buy you drinks, you'll meet girls, they'll try to fly you places for free, offer you drugs... I know. It sounds great. But they are not your friends. These are people who want you to write sanctimonious stories about the genius of the rock stars, and they will ruin rock and roll and strangle everything we love about it."

Lester Bangs: Aw, man. You made friends with them. See, friendship is the booze they feed you. They want you to get drunk on feeling like you belong.

William Miller: Well, it was fun.

Lester Bangs: They make you feel cool. And hey. I met you. You are not cool.

William Miller: I know. Even when I thought I was, I knew I wasn't.

Lester Bangs: That's because we're uncool. And while women will always be a problem for us, most of the great art in the world is about that very same problem. Good-looking people don't have any spine. Their art never lasts. They get the girls, but we're smarter.

William Miller: I can really see that now.

Lester Bangs: Yeah, great art is about conflict and pain and guilt and longing and love disguised as sex, and sex disguised as love... and let's face it, you got a big head start.

William Miller: I'm glad you were home.

Lester Bangs: I'm always home. I'm uncool.

William Miller: Me too!

Lester Bangs: The only true currency in this bankrupt world if what we share with someone else when we're uncool.

William Miller: I feel better.

Lester Bangs: My advice to you. I know you think those guys are your friends. You wanna be a true friend to them? Be honest, and unmerciful.

17.6.08

V is Very Very Extraordinary

NEW school soul food.

Na verdade ela não teria nada de extraordinary. Mais um rostinho bonito dentro de uma embalagem bastante conveniente para os dias de hoje. Mas a alma alimenta ainda. E como!

Joss Stone é mais uma jovem intérprete daquele pequeno pedaço de mundo com tanta musica pra dar. Ok, music makes the people come together, mas presenciando a inglesinha ao vivo devo confessar que ela faz mais que isso. Tem algo de inexplicavel, e na verdade eu nunca soube explicar muita muita musica e experiência cultural por causa desse algo ai.

Na mais simplista das respostas eu sempre digo que é FEELING. Ou é aquilo que Aretha, Stevie e a Joss têm comum pra chamar de estilo: SOUL.

E então não se explica mais nada. Alimentar aqui dentro é sempre extraordinary. Obs.:L-O-V-E é a faixa citada no titulo do post. Obs.2: Para sentir a vibe da coisa, links coloridinhos levam aos drops Joss em São Paulo.

11.5.08

Derrière les nuages..

Paint a picture, Clear cut and pale on a cold winter's day, Shapes and cool light wander the streets like an army of strays, On a cold winters day.

Will you let me romanticize, The beauty in our London Skies, You know the sunlight always shines, Behind the clouds of London Skies.

Patient moments chill to the bone under infinite greys, Vision hindered mist settling low like a ghostly ballet, On a cold winter's day.

Nothing is certain except everything you know can change, you worship the sun but now, can you fall for the rain...

3.4.08

En 2009, une Année de la France au Brésil

Direto do CulturesFrance:

L’Année du Brésil en France, Brésil Brésils, en 2005, a connu un vif succès et permis de mesurer l’intérêt grandissant que le Brésil, puissance émergente, suscite en France. Désireux de poursuivre et d’approfondir les partenariats noués à cette occasion, les présidents Chirac et Lula ont décidé, en mai 2006, d’organiser un grand événement retour, une Année de la France au Brésil, qui couvrira tous les domaines de nos relations.

La France est déjà très présente au Brésil, à travers une programmation artistique riche et diversifiée et des coopérations vivantes dans les domaines scientifique, technique, universitaire, économique. Français et Brésiliens se parlent, échangent, se disputent, réfléchissent ensemble, agissent ensemble.

L’Année ne vise donc pas à faire découvrir la France aux Brésiliens, qui la connaissent souvent très bien. Elle aura surtout pour ambition de compléter et d’affiner cette connaissance, en valorisant nos capacités de création et d’innovation, dans des secteurs où nos amis brésiliens ne nous attendent pas toujours. Elle cherchera à mettre en lumière la diversité de la société française, presque aussi métisse que la société brésilienne, en s’appuyant notamment sur l’expérience multiple des collectivités territoriales. Elle permettra, enfin, de témoigner de notre volonté de dialogue et de partenariat avec le Brésil, en donnant la priorité aux opérations conjointes, tournées vers le monde. Les temps forts de l’Année seront donc les suivants :

- La France aujourd’hui : création contemporaine, recherche et innovation, entreprises et technologies de pointe au service du développement durable ;

- La France diverse : métissage, tradition, patrimoine et créativité de cultures plurielles ;

- La France ouverte : accueil des autres cultures, débat d'idées, ouverture économique, recherche de régulations à la mondialisation, coopérations avec le Brésil en direction du monde, notamment l'Afrique.

La programmation de l’Année, centrée sur ces trois thématiques, investira les grands événements du calendrier brésilien, mais aura également le souci de couvrir aussi largement que possible le vaste territoire brésilien, en allant à la rencontre du public là où il se trouve, par le biais de manifestations itinérantes. Elle sera construite par les commissariats français et brésilien.

Dates indicatives : 21 avril – 15 novembre 2009 (deux fêtes nationales brésiliennes - 21 avril 1792 : mort de Tiradentes, animateur du premier mouvement d’indépendance du Brésil ; 15 novembre 1889 : proclamation de la première république brésilienne).

Président français : Yves Saint-Geours, Ambassadeur, président de l’établissement public du Grand Palais.

Commissaire générale française : Anne Louyot, conseillère des Affaires étrangères.

Président du commissaire brésilien : Danilo Santos de Miranda, sociologue, directeur général du SESC Sao Paulo

Contact : Michelle Robert

Mais informações no site do MinC

23.1.08

Wonderful world...??

And I know that it's a wonderful world but I can't feel it right now..