De tempos em tempos se volta a poesia. Ainda não voltei à minha, mas então tomarei essa sem humildade pra mim. Do Drummond, que sempre me parece sincero e doce..
"Amor e Seu Tempo
Amor é privilégio de madurosEstendidos na mais estreita cama,
Que se torna a mais larga e mais relvosa,
Roçando, em cada poro, o céu do corpo.
É isto, amor: o ganho não previsto,
O prêmio subterrâneo e coruscante,
Leitura de relâmpago cifrado,
Que, decifrado, nada mais existe
Valendo a pena e o preço do terrestre,
Salvo o minuto de ouro no relógio
Minúsculo, vibrando no crepúsculo.
Amor é o que se aprende no limite,
Depois de se arquivar toda a ciência
Herdada, ouvida. amor começa tarde."
Um comentário:
Às vezes, o nó que se refaz está pedindo por seu vir-a-ser. Há que se despedaçar, às vezes, para desfazê-lo; noutras, é necessário ir contra as advertências e pôr em prática o que diz dia e noite aquele sapo entalado na garganta. A gente se desfaz todinha, sente uma dor dos diabos, mas azar. O que importa é desfazer o nó e sentir-se livre para refazer tantos outros quanto a vida permitir.
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