Esses tempos líquidos só me fazem pensar que o século XXI carece muito de romantismo.
Em meio a palavras soltas e sem sentido, tantos deveres e poucos lazeres...ou então lazer com pressa, pra caber em uma parte pequena do seu dia.
E a comunicação... ah, essa nunca foi tão avançada...e tão robótica. Frases curtas, às vezes sem sentido, às vezes parecendo apenas um sinal de que as bilhões de pessoas desse mundo estão vivas.
Outra vez eu disse...pertenço a uma raça antiga. Talvez sim...no meu mundo o maior privilégio vai para os sentimentos, os pensamentos e ideias longas e sem fim... as palavras aos montes querendo expressar as maravilhas e infortúnios da vida. Caberiam mil cartas, mil declarações...e serenatas. E não pela quantidade seriam menos intensas...talvez a quantidade somente transpareça o quanto a qualidade de todos esses sentimentos não cabe nos meios rápidos, nos tempos fugazes, na distância infinita que existe hoje entre as pessoas.
Onde será que há lugar para os românticos hoje..? Nesse mundo em que as declarações assustam, em que a entrega é também um exagero, as dedicatórias ficam sem resposta... para onde vão todas elas? Por que o medo de sentir de verdade, de experimentar de verdade, por que todos reservados em seus quadrados protegidos, sem entrega e reprimindo sentimentos?
Não sei, assumo que, sendo romântica, nunca vou entender. O que me entristece é que talvez eu seja das últimas românticas... A sensação de que os sentimentos vão se apequenando até virarem apenas um olhar desprevenido captado numa foto publicada na internet.
Esses tempos líquidos não acomodam os românticos.. os sentimentos de intensidade e permanência, os arroubos do coração, os sonhos maiores que os próprios sonhadores... Mas... os românticos ao menos nunca desistem. São um tanto sentimentais incuráveis. E sempre seguirão buscando um espaço para seus excessos... de emoções, de sonhos, de tanto amor.
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