26.3.14

Sentidos


Como se ela não tivesse suportado sentir o que sentira, desviou subitamente o rosto e olhou uma árvore. Seu coração não bateu no peito, o coração batia oco entre o estômago e os intestinos.
(...)

Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida.

Clarice Lispector

11.3.14

É denso e não tem como não ser!

“To love! To surrender absolutely, to prostrate oneself before the divine image, to die a thousand imaginary deaths, to annihilate every trace of self, to find the whole universe embodied and enshrined in the living image of another! Adolescent, we say. Rot! This is the germ of the future life, the seed which we hide away, which we bury deep within us, which we smother and stifle and do our utmost to destroy as we advance from one experience to another and flutter and flounder and lose our way.”


― Henry Miller, Sexus

6.3.14

De espera, esperança e o tempo ao tempo.

tempo ao tempo, foi um velho e bom conselho. Talvez o melhor deles. Velho, porque já gasto, porque já pensamos sobre ou nos deparamos com o bendito tantas vezes. Mas só de vez em quando ele vem carregado de sentido.
Porque se quer pouco tempo pra ver acontecer, pra agir, reagir, tempo nenhum pra esperar, decidir, saber, conhecer.
O tempo de hoje não é esse, onde se leva tempo. É o tempo de ação, reação e segue até a próxima pagina. E rápido, pra não correr o risco de perder o tempo com o que não vem, o que não aconteceu, ou apenas tempo com o que não se sabe.
Mal sabe o homem, no seu frenesi anos dois mil, que as melhores coisas levam tempo. A ação é breve mas a emoção não. O conselho vem a jato mas a resolução não. A paixão incendeia rápido mas o amor não. Não tem pressa pra crescer ou pra ir embora.
E o conselho mais demorado, foi esse que fez sentido.
Tempo é pra profundidade, pra ser integral, pra mergulhar devagarinho e custar sair. Mas e daí não resolver logo, e daí perder tempo, e demorar pra sair?
Ora, a beleza está em aprender. Em cozinhar as cousas até que virem outras tantas muito mais completas e cheias de sentido.
Não vale a luta pra correr e ir deixando tudo pra trás, sem marca, sem registro, sem mudança, sem apego.
Vale sim viver com demora, com horas de panela de pressão, com espera, com sonhos mais longos, com amor devagarinho.. Viver profundo, viver a fundo, com esperança.
A praticidade necessária nunca vai me vencer, nessa luta de aceitar o sentir com tempo. O tempo ao tempo.
E que venha o melhor.. No seu tempo, com muita emoção... Sempre!