10.6.14

O prumo e o peso - 2

Renuncia a um prazer em razão de um bem maior é algo louvável na sociedade liquida, individualista e hedonista de hoje. Renuncia ao fugaz pelo duradouro.
Mas até que ponto sacrificar um bem menor, certo, por algo maior no futuro da incerteza?
Reflexão difícil, que já me ocorreu muitas vezes e ainda não sei dar uma resposta.
Na verdade valorizo muito um processo lento para a conquista de algo maior, acho que é saudável. Mas até que ponto deixar uma parte boa da vida por isso? Grande questão.
A felicidade não é um pote de ouro no fim do arco íris, é um estado, cheio de vaivéns, que nos brinda e depois vai embora, isso muitas e muitas vezes. Será que vale renunciar a esses momentos de brinde pra conquistá-lá só num futuro depois?
E mais, será que o duradouro de fato será assim? Penso que depende da renúncia, do quanto se abre mão, e do quanto se pode alcançar.
Se abrir mão de diversos momentos felizes por um horizonte definido distante, será que faz algum sentido?
Não, penso que não faz. O que está definido resolvido está, então tudo que se tem além do futuro distante e definido são os momentos felizes. A felicidade compartilhada. E real por ser compartilhada. E esses momentos nenhum horizonte traz de volta. Um amor, por exemplo, renunciado, o horizonte não traz de volta.
Entre o hedonismo e o conservadorismo racional, fico com o meio. Que não é metade, mas sim o melhor possível. E abrir se pra vida quando ela acontece, sem perder de vista o futuro desejado. E as emoções, por serem únicas, merecem ser privilegiadas. Nunca se sabe o que um novo sentimento, impressão, afeto, amor pode trazer. E por certo poder de transformação, eu aposto nesses e não nos fatos concretos. Aposto no que faz a gente sorrir e ver o céu mais azul.
Que venham bons ares e emoções para nos transformar!

5.6.14

Sociedade de metades.

Me choca a imaturidade nos tempos líquidos. Novamente, não que eu não tenha que lidar com a minha porção , que ja me perturba num tanto razoável.
Ainda assim, me choca vê-lá escancarada nos outros. E a imaturidade pode ser saudável se temos a sensatez de reconhecê-la. Mas quando vem velada, ou coberta por algum tipo de soberba na pessoa, ah... Aí me choca e me causa indignação.
Nos relacionamentos., por exemplo, ha de se entender ainda porque não há sinceridade. Por que jogos e enrolação? Por que ter tudo pela metade e não o que se quer de fato, por inteiro? Por que não se assumir o desejo de uma noite somente? Ou o desejo de um compromisso? Por que resistir em assumir o que se quer por inteiro?
Pra mim, é perturbador, e uma perda de tempo e energia.
Quando se assume a imaturidade, é notadamente reconhecido: não possuo estrutura para lidar bem com isso, e portanto optarei por outra escolha. Ou então arrisca-se... Talvez eu não tenha maturidade, mas me lanço. Se não for valido, saio.
Assim são as decisões na vida, ou deveriam ser.
Não sou nenhuma rebelde contra a indecisão , mas de fato atualmente a capa protetora que finge não existir imaturidade ou despreparo para as situações é uma involução na sociedade. A tal do espetaculo. Basta jogar e fingir. Parecer, enganar, aparentar. E não de fato assumir.
Talvez por isso eu esteja tão revoltada com a politica dos bastidores. E os relacionamentos da vida privada.
Tudo teatro. Sera que é arrogância ou realmente a maioria involuiu pra essa paralisia da verdade e da coragem?
Socorro, quero assumir meus sucessos e cagadas, minhas escolhas amorosas e profissionais, ser sincera, arriscar, e ser feliz ou ter decepções por inteiro.
De metades e meias verdades o mundo está farto.