27.8.10

Menos prosa e mais poesia

De tempos em tempos se volta a poesia. Ainda não voltei à minha, mas então tomarei essa sem humildade pra mim. Do Drummond, que sempre me parece sincero e doce..

"Amor e Seu Tempo

Amor é privilégio de maduros
Estendidos na mais estreita cama,

Que se torna a mais larga e mais relvosa,

Roçando, em cada poro, o céu do corpo.

É isto, amor: o ganho não previsto,
O prêmio subterrâneo e coruscante,

Leitura de relâmpago cifrado,

Que, decifrado, nada mais existe

Valendo a pena e o preço do terrestre,
Salvo o minuto de ouro no relógio

Minúsculo, vibrando no crepúsculo.

Amor é o que se aprende no limite,
Depois de se arquivar toda a ciência

Herdada, ouvida. amor começa tarde."

Um comentário:

Anônimo disse...

Às vezes, o nó que se refaz está pedindo por seu vir-a-ser. Há que se despedaçar, às vezes, para desfazê-lo; noutras, é necessário ir contra as advertências e pôr em prática o que diz dia e noite aquele sapo entalado na garganta. A gente se desfaz todinha, sente uma dor dos diabos, mas azar. O que importa é desfazer o nó e sentir-se livre para refazer tantos outros quanto a vida permitir.