1.9.18

Sobre bagagens e caminhos

Quando a gente sabe a escolha certa ou errada e até onde podemos arriscar? Hoje me passou essa dúvida. Eu sei que devemos tentar coisas novas, experimentar, estamos na era em que tudo é muito rápido e temos que nos adaptar a cada momento. Novos equipamentos guiam nossas vidas, novos temas e acontecimentos bombardeiam os telefones, telas, diálogos, virtuais ou não. Será que vem daí nosso senso de urgência para sair da rotina, da mesmice, mudar os caminhos, tomar decisões que nos levem a outras zonas, bem longe do conforto do sofá de cada dia?
Pode bem ser.
E o que fazemos com isso? Será que é possível resistir ao tempo urgente, resistir às velozes mudanças, ficar na rotina, nas decisões precisas, calculadas, dentro da zona que conhecemos, sempre?
Ainda não sei.
Sei que dentro da gente às vezes pulsa essa vontade de sair dos velhos costumes, de alcançar novos patamares, às vezes não necessariamente melhores, mas que tragam novas experiências. Viver em outro lugar, dificuldades diferentes, pessoas diferentes, outras opiniões e culturas. Temos a percepção de que isso é libertador.
Ao mesmo tempo, pode ser uma prisão termos sempre que mudar, o tempo todo, viver coisas novas a cada breve momento, sem dar vazão ao tempo de ter tédio. Não seria isso também uma prisão? Há um lugar onde a decisão nos liberta e não nos aprisiona?
Se existe, qual é ela? Passo dias ainda sem saber. Talvez a gente nunca saiba. Como disse o poeta, aprende-se a viver vivendo. Ou seja, o aprender a viver é o próprio viver. Não tem receita de bolo. Saber o que é bom ou ruim pra cada um vem das decisões de cada um. Da história de vida, dos acertos que nos levam a momentos felizes ou das escolhas que nos levam a caminhos tortuosos ou de infelicidade.  Mas em cada escolha tem um tanto de aprendizado e de potencial alegria ou tristeza. Sempre. A epifania e alegria pura é para as crianças, sem bagagem, sem poréns, sem cálculos e histórias anteriores. Cada vez mais vejo isso e nos conformamos com isso. Mas não é triste, é parte da essência da vida. Estamos aqui para aprender e melhorar e só decidindo e escolhendo que trilhamos esse caminho. E a bagagem aumenta, assim somos. Aumenta para podermos ampliar as escolhas e ir melhorando com elas. Ouvir nosso interior é incluir a bagagem psíquica nas escolhas. É passar por todos os momentos acertados ou não e intuir nosso próximo passo. Cada um tem sua mochila de passos pra carregar nesse caminho e o peso maior dela não deveria ser um complicador mas sim um alentador do caminho. Já vivemos e portanto fazemos novas escolhas de melhores aprendizados. E assim seguimos. A leveza vem em achar que a bagagem nos ilumina e não nos atrapalha.
É a insustentável leveza do ser.

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